1. Actividade desenvolvida
A primeira referência que se conhece relativa à protecção do património geológico é a de A. J. Marques da Costa, num trabalho dedicado à Pedra Furada em Setúbal, publicado no volume XI, 1916, p.115, das Comunicações dos Serviços Geológicos e que transcrevemos não só pelo seu interesse histórico mas, também, pela sua actualidade: “A Pedra Furada é um exemplar geológico muito raro senão único e que deve, por isso mesmo, ser conservado à vista de todos os visitantes ilustrados. Já, por vezes, tem estado em risco de desaparecer para dar lugar à passagem de uma estrada ou à construção de qualquer oficina. Pessoas inteligentes têm intervindo para evitar tais vandalismos, que aliás a actual proprietária do terreno, em que se acha esse notável exemplar é a primeira a não consentir. Oxalá que os futuros sucessores da actual dona pensem do mesmo modo que ela ou, ainda, que qualquer entidade oficial adquira o terreno, para que se assegure definitivamente a existência desta manifestação, digna do estudo dos competentes, que nela procurem a explicação do modo como se formou”.
Desde há vários anos que os Serviços Geológicos de Portugal e os organismos que lhe sucederam (Instituto Geológico e Mineiro, Geociências do INETI) desenvolveram diversas acções visando a caracterização, o estudo, a protecção e a divulgação do nosso património geológico. Podemos, então, indicar as principais acções:
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Proposta de classificação em 1978 dos seguintes locais: lapiás de Cascais-Guincho, duna consolidada de Oitavos, dunas actuais da Crismina, litoral entre o Guincho e Praia das Maçãs, lapiás da Pedra Furada, litoral entre Sesimbra e o Seixalinho, Cabo Mondego e arriba fóssil da Costa da Caparica. |
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Publicação de guias geológicos para diversas Áreas Protegidas (ver adiante a lista respectiva). |
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Realização do V Congresso Nacional de Geologia, (1998), que teve uma Secção de Património Geológico, onde foram apresentados 9 trabalhos (publicados no Vol. 84 (2) das Comunicações do Instituto Geológico e Mineiro). |
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Realização do 1º. Seminário sobre Património Geológico (1999) em que foram apresentados 16 trabalhos (Publicação especial destinada aos participantes). |
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Projecto Geo-Sítios que compreende fichas com a caracterização de cerca de uma centena de sítios com interesse geológico, e que está em desenvolvimento. |
2. Publicações de guias geológicos
MOREIRA, A. e RIBEIRO, M. LUÍSA – 1991 – Carta Geológica do Parque Nacional da Peneda-Gerês, à escala 1/50.000 e Notícia Explicativa. Serv. Nac. Parques, Reservas e Conservação da Natureza e Serviços Geológicos de Portugal.
RIBEIRO, M. LUÍSA – 1997 – A geologia da Peninha, Sintra. Parque Natural de Sintra-Cascais e Instituto Geológico e Mineiro.
RIBEIRO, M. LUÍSA e RAMALHO, M. M. – 1997 – Carta Geológica Simplificada do Parque Natural de Sintra-Cascais à escala 1/50.000 e Notícia Explicativa. Parque Natural de Sintra-Cascais e Instituto Geológico e Mineiro.
FERREIRA, N. e VIEIRA, G. – 1999 – Guia geológico e geomorfológico do Parque Natural da Serra da Estrela. Locais de interesse geológico. Instituto Geológico e Mineiro e Instituto da Conservação da Natureza.
RIBEIRO, M. LUÍSA e SILVA, A. F. – 2000 – Carta Geológica Simplificada do Parque Arqueológico do Vale do Côa à escala 1/80.000 e Notícia Explicativa. Instituto Geológico e Mineiro e Parque Arqueológico do Vale do Côa.
RIBEIRO, M. L. e RAMALHO, M. – 2002 – Reserva Natural das Berlengas. Aspectos da Geologia. ICN. – Reserva Natural das Berlengas e Instituto Geológico e Mineiro (desdobrável).
RAMALHO, M. M. (coord.) – 2000-2007 – Carta Geológica Simplificada do Parque Natural da Ria Formosa, Reserva Natural da Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António e região envolvente, à escala 1/100.000 e Notícia Explicativa. Instituto Geológico e Mineiro, INETI, Instituto de Conservação da Natureza e CUF.
NOTA: estas publicações devem ser pedidas às sedes dos respectivos Parques.
3. Museu Geológico
Não se pode deixar de considerar o Museu Geológico como um dos mais importantes valores do nosso património geológico.
Foi criado pela Comissão Geológica do Reino (1857) que, a partir de 1859, se instalou no local que o Museu actualmente ocupa, quase 150 anos depois, no 2º. piso do edifício do antigo Convento de Jesus, em Lisboa.
Com as colecções estratigráficas e paleontológicas mais completas do nosso território, a que se juntam a muito importante colecção de arqueologia pré-histórica e, ainda, as de minerais, rochas e equipamento científico histórico, o Museu Geológico detém um acervo único no País, que está aberto aos investigadores nacionais e estrangeiros.
A isto acresce, o seu excepcional interesse histórico-museológico, dado que as salas de exposição conservam, ainda, muito da “atmosfera” dos finais do século XIX, já rara neste tipo de instituições. É por este motivo que os especialistas o consideram um “museu dos museus”. Não menos valioso, também, é o facto do Museu Geológico se situar no local onde nasceram a Geologia e a Arqueologia portuguesas.
Atendendo a estes valores patrimoniais o Museu Geológico foi integrado na Rede Portuguesa de Museus em 2003.
A protecção deste património precioso e insubstituível é um dever do Estado Português mas, também, de todos nós, cidadãos e instituições científicas nacionais.
Museu Geológico: aberto 3ª. a Sábado, das 10 h às 15 h, excepto feriados.